Mário Peixoto, preso nesta quinta-feira, na operação da PF e do MPF Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Fonte: https://oglobo.globo.com/rio/pf-mpf-afirmam-que-mario-peixoto-se-escondia-por-tras-de-operadores-financeiros-expandindo-seus-negocios-fraudulentos-na-pandemia-24430916
RIO - Investigações do Ministério Público Federal e da Polícia Federal sobre o grupo do empresário Mario Peixoto, preso anteontem na Operação Favorito, revelam um sofisticado esquema para manter o suposto chefe da organização criminosa oculto. A finalidade principal era justamente que Peixoto continuasse à frente no fornecimento de serviços da rede estadual de saúde, mediante fraudes, se beneficiando de operadores financeiros e laranjas, a fim de não deixar rastros. Com a chegada da pandemia da Covid-19, os suspeitos perceberam que a montagem dos hospitais de campanha seria uma forma de aumentar o seu filão, conforme descrito no pedido de prisão feito pelos procuradores ao juízo da 7ª Vara Federal Criminal: "expandir seu mercado e aproveitando as contratações emergenciais por conta da pandemia para angariar mais contratos públicos, ao mesmo tempo em que permanece com forte atuação nos bastidores políticos, negociando atos com o Poder Público em troca de pagamento de vantagens indevidas".
Segundo as investigações, um dos principais operadores financeiros é Alessandro de Araújo Duarte. Como Peixoto, Alessandro foi preso preventivamente. Mais sete pessoas foram acusadas de envolvimento no esquema e devem responder por peculato e formação de quadrilha. Foi justamente na caixa de e-mail do operador de Peixoto que os agentes federais e procuradores encontraram planilhas com os custos e cronogramas detalhados de contratos da Organização Social (OS) Iabas com o governo estadual, para a montagem dos hospitais de campanha. De acordo com a cautelar do MPF, chamou a atenção deles o fato de Alessandro mandar e-mails para si próprio e "não formalmente" recebê-los de algum funcionário do Iabas. Os documentos trazem informações específicas das sete unidades: Maracanã, São Gonçalo, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Casimiro de Abreu, Nova Friburgo e Campos dos Goytacazes, com número de leitos e o acompanhamento do andamento das obras até a conclusão de cada uma.
O Núcleo de Combate à Corrupção Força-Tarefa da Lava Jato levantou ainda no e-mail de Alessandro, a análise de custos por hospitais de campanha, totalizando R$ 876 milhões e seis meses. A mesma planilha mostrava o planejamento de gastos com a contratação de médicos, equipamentos de proteção individual (EPIs), equipamentos médicos, infraestrutura, serviços, TI, pessoal e mobiliário. O hospital de campanha mais caro é justamente o Maracanã, o único que foi entregue até o momento para a população pelo governo do estado, com 400 leitos e ao custo mensal de R$ 41 milhões. Os dados foram obtidos a partir da quebra do sigilo de telemático do operador de Peixoto. Os mesmos e-mails foram encontrados na caixa de mensagens de Juan Elias Neves de Paula, apontado como contador do grupo criminoso, datados de 21 de abril deste ano.
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