Situação no Brasil é o maior problema, mas não o único para volta da Libertadores



Embora ninguém cogite o cancelamento, não vai ser fácil realizar o torneio ainda neste ano



    A videoconferência entre os presidentes das dez federações sul-americanas, na quarta-feira (13), abriu mão de discutir datas para o reinício da Libertadores e da Sul-Americana. Não há luz no fim do túnel. Eliminatórias, então, nem pensar. São atribuição da Fifa. Por enquanto, as partidas estão mantidas para setembro. Se mantiverem também o formato de pontos corridos, só terminarão em março de 2022, ano da Copa. Isso respeitando as datas do calendário das seleções. Se a pandemia for além de setembro, pode ser necessário mudar o sistema de disputa e formar dois grupos de cinco países. Não está em cogitação ainda. Nem as datas de reinício e a finalíssima da Libertadores estão.
Apesar de o diretor de competições da Conmebol ter afirmado, em abril, que o Maracanã estaria pronto para a final no mesmo dia 21 de novembro originalmente programado, não dá para cravar nada. O Brasil é o maior problema, pelo número de casos e mortes. Mas não é o único empecilho para pensar em realizar a Libertadores neste ano. Também há restrições no Paraguai, no Equador, na Argentina, na Colômbia... O número de voos diminuiu muito. Embora ninguém cogite o cancelamento, não vai ser fácil realizar o torneio. Só houve um risco parecido em 2009, quando Chivas e San Luis, do México, classificaram-se para as oitavas de final. Na época, a pandemia de H1N1 impedia viagens ao território mexicano. A Conmebol excluiu os dois times de lá, classificou São Paulo e Nacional de Montevidéu para as quartas de final diretamente e prometeu a retribuição com a classificação automática do México para as oitavas de final do ano seguinte. O caminho mais curto ajudou o Chivas a chegar à decisão contra o Internacional. Há diferenças óbvias entre as pandemias de 2009 e 2020. Uma é não haver dificuldade para entrar apenas em um dos países, mas nos dez. Mesmo que hoje a situação mais difícil seja a brasileira, haverá bloqueios e exames em todos os aeroportos do continente. A segunda questão é que, em vez de dois clubes comprometidos, são sete brasileiros: Flamengo, Palmeiras, São Paulo, Santos, Grêmio, Internacional e Athletico. O terceiro ponto é ter de resolver a questão a partir da segunda rodada da fase de grupos, com 11 datas de jogos pela frente. Em 2009, a solução foi necessária só nas oitavas. E, mais importante, os brasileiros entendem representar 60% do dinheiro da Libertadores. Uma coisa era fazer o torneio há 11 anos sem o México, que nem sequer está na América do Sul. Outra é realizar sem o Brasil, que ocupa 47% do território sul-americano. Com ou sem Libertadores neste ano, a participação brasileira é tema de debate na Comissão Nacional de Clubes. Parece que não, mas há pautas comuns a todos. A miséria está forçando o diálogo.

Os times daqui não se conformam com a Conmebol vender a preço de banana os direitos de jogos eletrônicos para a Eletronic Arts, que produz o Fifa, enquanto estão negociando com a Konami, do Pro Evolution Soccer. É apenas um dos exemplos. Outro é a discussão sobre multas, por causa de patrocinadores estampados nos estádios. Se embaixo da palavra “banheiro” estiver escrito o nome de um patrocinador, a Conmebol aplica a penalidade. Não faz sentido em setores que não têm exposição de televisão. Há muitas outras questões comerciais a serem alinhadas com a Conmebol. Mas a emergência é saber se, como e quando será possível realizar os jogos. A Libertadores está prisioneira.

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