Nos idos do inicio dos anos 2000, num período de separado do segundo casamento, morando na região dos lagos, sempre ia ao Rio, uma das minhas preferencia era da um pulo no final do expediente, no amarelinho da Cinelândia, tomar aquele chopinho gelado, agora tem um bom tempo que não faço esse percurso até o amarelinho da Cinelândia, não sei se ainda funciona, principalmente depois da pandemia, mas ta aí uma curiosidade a ser matada, vou aparecer por lá, para ver se ainda funciona, eu acho que sim, o amarelinho é um "patrimônio cultual" da gastronomia do centro do Rio, um deles, mas porque isso, porque essas lembranças, conheci a Lindinha, codinome tá, a Lindinha sempre que eu estava saindo da minha região, eu ligava dizendo que estava indo.
___ Que horas você chega?
___ Daqui uma hora e meia, mas tenho trabalho a fazer antes, quando ficar liberado te ligo.
A minha amiga colorida, tinha suas intensões, mas eu estava naquele período da vida onde não estava cabendo uma relação séria, vinha de uma antiga relação de quase 10 anos e não pretendia nada que envolvesse algo sério, trabalho como consultor e muitos serviços se faz necessário me deslocar até a Capital, normalmente a partir das 17:00 horas estou liberado, então logo ligava.
___ Oi, ta onde você?
___ To no Catete, vou ali para o Largo do Machado te esperar, quanto tempo?
___ Da onde estou, 40 minutos, ok?
___ Combinado, te espero no lugar de sempre.
O lugar era na galeria do cine São Luiz, mas cinema nunca íamos, o lance era uns chopinhos, me deslocava até o amarelinho, gostava do ambiente e era perto de tudo, e perto do hotel para onde sempre íamos fazer aquele sexo gostoso, e a química com ela era boa, mas a sentia impaciente com as minha dubiedades, ela queria mais do que alguns encontros e sexo, até que num dia neste, que liguei, sentir que me atendeu meio fria.
___ Oi! Agente precisa conversar.
Hum!!! algo não me cheira bem, fui para o Rio mas minha intuição dizia que aquele dia seria o ultimo com a Lindinha, fiz meu trabalho no decorrer do dia, por sinal tive alguns aborrecimentos com clientes, e com certeza aquele dia parecia não ser o dia, dos melhores dias, então, ao fim do dia liguei, eram 17:30.
___ Oi, ta onde?
___ To longe hoje, acho que lá para, umas 20 horas.
Na verdade ela falou 8 horas, oito da noite claro, a mudança já estava ai, normalmente ela ficava ansiosa a tal ponto que, descobri sem querer, ela chegava no Largo do Machado uma, duas horas antes e ficava me esperando, fiquei rolando pelas ruas fazendo hora, quando foi 15 para 20 horas eu liguei e ela me falou, que iria me encontra no amarelinho, meus olhos brilharam, eu não olhei no espelho mas tenho certeza, fui para o amarelinho escolhi uma mesa e comecei sozinho a tomar um chopp, a hora passou e quando me dei conta já eram 21 horas e nada da Lindinha, pensei em ligar, mas exitei, falei para mim mesmo se não vier é sacanagem, mas quando olho, a vejo vindo, mas algo me chamou a atenção, tinha alguém com ela, quando percebeu que eu vi, ela falou alguma coisa com o rapaz que vinha com ela, e o mesmo foi para o lado, em direção oposta a minha, e ela continuou vindo em minha direção, chegou, não me beijou.
____ E aí tudo bem? Perguntei.
____ Sabe, vou ser bem direta.
Nem sentou.
____ Quem era aquele cara?
____ Meu amigo!
____ Seu amigo? Você nunca me falou dele.
____ É, nunca precisei, você nunca me viu com ele.
____ Você falou que seria bem direta, o que é?
____ Cansei, você não quer nada, só sexo sem compromisso.
____ Oi Linda, nunca te enganei quanto a isso.
____ Eu vim falar contigo, pra não terminar por telefone.
____ Então vai terminar comigo, aquele cara então é seu namorado?
____ Pense como você quiser, sigamos nossas vidas.
Naquela hora senti uma fisgada de perda inesperada, esperava de tudo menos isso, estava muito seguro de mim com relação a ela, como essa mudança repentina? Ela ficou em pé por uns minutos enquanto falava, mas depois sentou na ponta da cadeira, como dizendo que não ia demorar por ali, e foi assim, na Cinelândia, nos idos, dos anos 2000, eu nunca mais ouvi falar da Lindinha.
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